quarta-feira, 14 de abril de 2010

Caso Apple – O iPod e agora o iPad

Há algumas semanas atrás, escrevi um artigo sobre a Apple, tendo afirmado que existiam muitas mais ideias na cabeça de Steve Jobs (co-fundador da Apple). Eis que neste momento acabo de saber pela imprensa portuguesa que há uma semana e meia uma nova ideia de Steve, já concretizada, começou a ser vendida nos EUA por 500 dólares (375 euros), tendo havido corrida às lojas logo pela manhã. Trata-se do iPad.

Vejamos: a Apple foi sempre famosa pelo seu logo “pense diferente”. Fundada em 1979, na época pioneira do computador pessoal, o Macintosh foi o grande rebelde do segmento, amado por designers gráficos altamente exigentes, que utilizavam as suas características de ponta, mas um rebelde também por recusar a curvar-se ao poder crescente do Windows da Microsoft.

Algumas vezes, naqueles primeiros dias da revolução tecnológica, eles foram os primeiros a admitir que se tinham equivocado, pensando como inventores e não como inovadores de mercado. O Mac era tecnicamente avançado, mas restrito. Entretanto, emendaram-se. Anos depois, a Apple estava de volta à linha da frente com o iMac, provando que os computadores pessoais não precisavam de ser cinzentos e maçadores, procurando trazer um design excepcional, estética e funcionalmente, para as operações do utilizador. O iMac foi um grande sucesso (agora compatível com o Windows) mas ainda era para poucos. Depois do leque de iMacs coloridos veio o revolucionário iPod. Foi o reconhecimento de que o novo milénio passou a viver de acordo com novas regras.

A música em formato digital estava a lutar para ir além do CD e do retalho. O Napster era o website para obter músicas ilegalmente. Todos podiam ver uma tendência de mercado, mas ninguém tinha a certeza sobre a direcção futura. As empresas de gravação deveriam abandonar os formatos físicos? Os artistas deveriam abandonar as empresas de gravação? Os provedores de rede ou as companhias telefónicas iriam ocupar o espaço? A Apple viu a oportunidade e rapidamente fez do iPod um fenómeno cultural. O site complementar iTunes, de onde se podem obter músicas, tornou-se rapidamente o líder global do sector., vendendo mais de 70 milhões de músicas no seu primeiros ano e representou, pela primeira vez, uma ameaça séria ao velho mundo físico.

A mudança verificada na Apple pode ser representada por um Mapa (com eixos de ordenadas e abcissas), mostrando nas ordenadas a rápida evolução da tecnologia, desde o computador de mesa com fios até ao computador portátil sem fios. Mostrando também nas abcissas o que os utilizadores fazem, desde trabalhar, criar, conectar, jogar e aprender, por exemplo. Mas muito mais está para vir. A Apple está constantemente a romper as convenções do mercado e as expectativas dos clientes. Por exemplo, o iPod Shuffle, de preço baixo e funcionalidade limitada, foi uma ideia para prevenir qualquer imitação barata do seu iPod.

E agora o iPad? Este é uma espécie de cruzamento entre um computador portátil e um iPhone. Vai impulsionar a edição electrónica, uma vez que, entre outras grandes vantagens, a leitura online será mais fácil. Foram vendidos 300 mil no primeiro dia, através da resposta rápida dos fieis da Apple. Além das vendas em loja, a Apple registou também no primeiro dia o “download” de mais de 1 milhão de aplicações da App Store para o iPad e ainda 250 mil livros electrónicos da iBookstore. Agora os Editores sabem que a utilização dos livros electrónicos vem para durar. Como acontece em muitos outros ramos da indústria dos media, o crescimento da Internet está a levar a uma grande restruturação do sector da edição. Os editores começam a preparar-se para um futuro em que os livros electrónicos representarão uma fatia muito maior das vendas. Há análises indicando que, até 2013, os livros electrónicos passarão a representar 6% das vendas de livros ao consumidor da América do Norte, contra 1,5% no ano passado. Há mesmo um analista considerando que, dentro de três a cinco anos, este segmento poderá corresponder a 25% das vendas do sector na América. Poderá ter razão se os iPad e outros "tablet" forem bem sucedidos.

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