terça-feira, 6 de abril de 2010

Novos e velhos modelos de negócio

Os modelos de negócio tornaram-se parte integrante da nossa linguagem comercial. O termo é usado aleatoriamente em reuniões e é recebido com acenos afirmativos das pessoas presentes, mas que frequentemente têm uma ideia muito limitada do que de facto significa, ou têm interpretações diferentes para o termo.

Ao longo dos anos os modelos de negócios sofisticaram-se e passaram a reflectir a natureza evolutiva dos mercados e da concorrência, e a migração de valores entre indústrias e dentro da cadeia de valor. Por exemplo, modelos de “isca e anzol” têm sido adoptados há mais de um século, em que um produto de baixo custo (a isca) exige reposições regulares e relativamente caras, ou exigem produtos e serviços associados a ele (o anzol). O exemplo clássico foi o aparelho de barbear, exigindo as lâminas, ou a impressora (os tinteiros) e ainda os operadores de telemóveis que oferecem o aparelho de graça que, na verdade, depois é pago por meio das altas tarifas de chamadas.

Os novos modelos de negócios são novos quando surgem, mas depois estabelecem-se e são repetidos pela concorrência até à exaustão. Na década de 1950, os novos modelos de negócios apareceram na McDonald’s na forma de “fast food” e na Toyota com a produção em massa. Os hipermercados apareceram nos anos de 1960 graças à Wal-Mart e outros, enquanto que a Toys R Us transformou as suas categorias por meio de novos modelos na década de 70. Os anos 80 testemunharam uma conveniência maior na forma da locação de vídeo Blockbuster, por exemplo. E os anos 90 viram o aparecimento de linhas aéreas de baixo custo, cafés de qualidade como o da Starbucks e modelos de negócios online do tipo Amazon e eBay. Na primeira década de 2000, as novas tecnologias iniciaram muitos modelos de negócio. Muitos mais irão surgir, à medida que a evolução dos mercados propiciarem novas oportunidades.

Os modelos de negócios precisam definir basicamente como o negócio vai funcionar, como as mercadorias e o dinheiro se irão movimentar entre os diferentes componentes – clientes, fornecedores, parceiros, etc. – e como o valor será criado e mantido. Eles serão o caminho para fazer negócios, serão as estruturas diferenciadas que unem pessoas e finanças. De um modo geral, operamos dentro desses componentes, mas se entendermos bem o funcionamento do modelo, esses componentes poderão oferecer-nos algumas das melhores oportunidades para fazermos uma diferença real e sustentável (um bom negócio).

Mas qual é a definição para modelo de negócio? Um modelo de negócio é na essência um rascunho para o modo com que uma organização gera valor. Tipicamente, ele envolve algum tipo de troca de valor que exige o fluxo de mercadorias ou serviços e dinheiro entre o negócio e os clientes, fornecedores ou parceiros. Os modelos convencionais, regra geral, oferecem mercadorias ou serviços em troca de dinheiro. Contudo, essa troca pode assumir outras formas, como por exemplo, a cobrança de informações, ao mesmo tempo que o produto fica “de graça”, ou levar o consumidor a aceitar mercadorias em troca de uma taxa cobrada por outra coisa

Contudo, poucos modelos de negócio vivem para sempre. Nem mesmo as indústrias mais estáveis estão imunes à natureza instável dos modelos de negócios. À medida que clientes e fornecedores se familiarizam com novos modelos noutros sectores, as suas expectativas atravessam fronteiras. A familiaridade com o conteúdo livre na Web coloca bastante alta a taxa de participação numa conferência de um dia, por exemplo. Se é possível oferecer o aluguer de equipamentos e carros em vez de os venderem, porque não fazer isso com electrodomésticos, ou outros bens?

No entanto, admitir que a maneira como um negócio quer lucrar não está a funcionar é um assunto delicado. Por exemplo, quando o ex-CEO da Xerox, Paul Allaire, sugeriu que a empresa não tinha “um modelo sustentável para os negócios” a perda de confiança do mercado de acções significou uma perda de 38 mil milhões de dólares para os seus accionistas.

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