sábado, 16 de abril de 2011

Reflexões sobre as potencialidades de negócios

Actualmente, em Portugal, estamos numa encruzilhada, principalmente para a jovem população activa e também para os adultos ainda jovens, que estão a ganhar muito mal. De vez em quando, surgem casos de sucesso ou relativo sucesso, que a comunicação social aproveita para relatar, talvez como incentivo a tanta preguiça de empreendorismo. Por isso, resolvi hoje reflectir sobre potenciais negócios em Portugal, ou a partir de Portugal, para além daqueles de que se falam muito, como as energias renováveis, por exemplo ...



Um dos primeiros aspectos que vou analisar é a atitude, há já alguns anos atrás, por parte das autoridades que promovem as exportações, de tentar sair da imagem de Portugal como país de actividades tradicionais, com a consequente influência nos produtos portugueses conhecidos no exterior, para uma imagem de indústrias modernas em muitos e novos sectores. O que aconteceu é que as tais indústrias tradicionais, que já estavam a definhar, acabaram por cair completamente e, em sua substituição, surgiram de facto muitas novas indústrias de dimensão, bem como a modernização de outras que já existiam com dimensão (por exemplo, os têxteis e o calçado), mas a influência na imagem de Portugal como país de origem desses produtos não teve qualquer rteflexo, pelo menos no exterior. Isto porque os sectores em que surgiram essas novas indústrias com dimensão tiveram origem sobretudo em investimentos estrangeiros em Portugal, e por isso não trouxeram nada de novo à origem do "made in Portugal".




De vez em quando, descobre-se que determinada empresa bem sucedida fabrica e vende componentes para importantes entidades estrangeiras e vai daí promove-se Portugal como país fabricante, país de origem, sempre a tentar sair da tal imagem anterior, não sei porquê detestada (serviu na sua altura). Julgo que este tipo de acções não vai a lado nenhum, pois não promove o país como origem daquilo que é a "essência", mas sim como origem do que é secundário.



A transformação de Portugal como país de origem de qualquer coisa "essencial" e não secundária, ou seja, o que qualquer um poderia fazer (e faz), é um processo completamente diferente e que passa não apenas pela comunicação (ou marketing), mas pela actividade económica ela própria. Bem podem as autoridades de promoção das exportações trabalhar para melhorar a imagem, mas esta parte sempre da base real, ou seja, é preciso ser para parecer, pois neste caso não basta parecer para ser.



Como não tenho a experiência suficiente (nem o conhecimento actualizado e completo) sobre a actividade económica em Portugal, de norte a sul, vou limitar-me aqui a apresentar algumas ideias de sectores ou negócios que poderiam ser pensados. Em primeiro lugar, há muita gente que pensa que Portugal deveria concentrar-se no turismo e serviços. Mas estas são apostas já feitas (e a desenvolver, claro está) e não podem excluir outras, porque é pouco para um país, principalmente para um país europeu da União e do euro.



Em seguida, tem-se falado muito de Portugal como plataforma para África e Brasil, ou seja, valorizando a afinidade linguística. Esta aposta também está já iniciada (há algum tempo, ou alguns anos) e, portanto, será seguramente aproveitada pelas empresas, que gostam muito de Angola e Brasil.



Depois, existe a aposta marítima, que o meu antigo colega Dr. Ernani Lopes estudou e analisou (não conheço os estudos), mas sei que os estudos apontavam na direcção de Portugal aproveitar as diversas potencialidades da nossa exposição geográfica ao Atlântico (e no sul ao Mediterrâneo) para criar valor económico. Neste aspecto seriam muitas as actividades a envolver e, por consequência, muitos negócios potenciais. Mas quem os fará? Só os privados, devidamente incentivados e depois de conhecerem os estudos suficientes para a tomada de decisão. Tenho esperança que entidade ou empresa (não o Estado) pegue nos estudos e faça qualquer coisa, lembrando que o Senhor Presidente da República já salientou essas potencialidades. Aqui há uma palavra importante a dizer. Esta criação de valor económico para Portugal teria uma enorme influência na imagem do país no exterior, pois tocaria no aspecto da "essência" e não em factores secundários.



Ainda vou referir outra área, muito esquecida em Portugal, mas a que muitos estrangeiros dão valor, que é a agricultura. Trata-se da riqueza do país em solos e em clima, portanto toca também na "essência". Mas o tipo de negócios rentáveis que poderiam surgir neste sector seriam os relacionados com a actual procura mundial, especialmente analisando os segmentos de consumo. Daqui poderiam surgir (e têm surgido) actividades na horticultura (e floricultura, porque não), mas destinadas à procura mundial nos segmentos de produtos "premium" e "gourmet". Vou também falar na actividade vinícola, esta já muito bem trabalhada, mas que necessita de aprofundar mais o aspecto da exportação, a fim de aproveitar melhor os segmentos de mercado globais. Na área dos vinhos é fundamental o aspecto da imagem de Portugal (não só a actividade beneficia a imagem do país, como esta tem efeitos nos negócios). No que se refere aos produtos agrícolas alimentares (incluindo gastronomia) e aos vinhos, existem sinergias com a actividade turística que sempre foram aproveitados, mas que deveriam ser ainda mais, sobretudo com a inclusão de marketing adequado.



Finalmente, a actividade económica externa de Portugal não é apenas baseada nas exportações, mas também na internacionalização. Todos sabemos que esta actividade está na ordem do dia, principalmente entre as grandes empresas de "utilities", mas todas as empresas industriais que tenham um bom posicionamento no mercado interno podem pensar na internacionalização, estudando previamente o segmento do mercado global em que podem existir negócios potenciais.

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