sábado, 8 de dezembro de 2012

Sabe como está o Brasil Económico em 2012-13?

Brasil, país com um território de 8,5 milhões de km2 (os EUA têm 9,37 milhões de km2), uma população actual de 194,7 milhões de pessoas (os EUA têm 309 milhões), tem cidades enormes, desde São Paulo (11,4 milhões de habitantes), Rio de Janeiro (6,4 milhões), Salvador (2,7 milhões), Brasília, a capital (2,6 milhões), Fortaleza (2,5 milhões) e Belo Horizonte (2,4 milhões). Se compararmos a população das cidades com a de alguns países europeus (Portugal, por exemplo) vê-se que as cidades são mesmo muito populosas. O Brasil tem uma história de sucesso económico no final do século XX e entrada no século XXI. Em relação aos outros países da Região, o Brasil liderou nesse período, por exemplo, nas receitas fiscais, numa altura em que a América Latina, segundo a OCDE, começou a reduzir a diferença entre essas receitas e a média dos países da OCDE. A importância dessas receitas insere-se no facto de o país ter conseguido desenvolver mais intensamente as suas infraestruturas económicas e, até certo ponto, as sociais.

As relações internacionais do Brasil estão em crescendo. A Senhora Presidente continua a ter em vista um papel mais importante na comunidade internacional. Isto inclui a grande aspiração de conseguir um lugar no Conselho de Segurança (alargado, isto é, incluindo os membros não permanentes) das Nações Unidas e do fortalecimento da influência dos mercados emergentes nas instituições políticas globais. O governo brasileiro deverá continuar a adoptar, em geral, uma atitude pragmática nos contactos com as nações ocidentais, bem como com os seus vizinhos da Região. Do mesmo modo, evitará a adopção de políticas controversas, o que poderá melhorar o relacionamento bilateral com os EUA. Acresce que a reeleição de Barack Obama dará continuidade nas relações bilaterais 2013-17, sem importantes  e diferentes novas iniciativas bilaterais na liberalização do comércio. A cada vez maior dependência do Brasil em relação à China, como mercado de exportação, reduzirá o risco de eventual proteccionismo radical contra aquele país, embora algumas medidas contra certas importações da China tenham vindo a ser tomadas ou possam vir a surgir. De um modo geral, num esforço para apoiar a sua indústria transformadora, o Brasil tem adoptado uma atitude mais proteccionista (mas apenas moderadamente proteccionista).

Quanto às tendências da política económica, as alterações graduais na macroeconomia que emergiram em meados de 2011 vão tornar-se mais evidentes a médio prazo. O objectivo da inflação tornou-se mais flexível, permitindo uma política de taxas de juro mais reduzidas, para os mais baixos níveis históricos. Acresce que o regime flutuante de taxas de câmbio está a ficar cada vez mais controlado. Isto reflectiu a preocupação do governo em relação ao excesso de liquidez criado pelos principais bancos centrais do mundo desenvolvido, bem como preocupações sobre a competitividade, particularmente no sector da indústria transformadora.

No crescimento económico, várias previsões apontam para uma retoma da economia brasileira, elevando o crescimento do PIB para 4,2% em 2013, após uma performance desoladora de 1,5% em 2012. Ganhos na produção da indústria transformadora em Junho-Agosto sugerem um ponto de viragem no ciclo económico brasileiro, enquanto uma taxa de câmbio mais baixa, crédito mais barato e medidas proteccionistas devem assegurar que o momento é sustentável a médio prazo, apesar do abrandamento da economia global. Acresce que a retoma no terceiro e quarto trimestres de 2012 dá mais ânimo para 2013, com fortes efeitos positivos. Apesar destas previsões, o optimismo ainda não pode ser grande. De facto, no início de Dezembro, o organismo oficial das estatísticas brasileiras verificou que a expansão no 3º trimestre foi apenas de 0,6% (em relação ao trimestre anterior), o que poderá provocar uma revisão em baixa da estimativa de 1,5% de crescimento do PIB em 2012, mais próximo de 1%. Se isto acontecer, há quem adiante a sugestão de poder ser também necessária uma revisão em baixa de meio ponto percentual, em relação à previsão de 4,2% de crescimento do PIB brasileiro para 2013. Isto será de lamentar!

Outras variáveis importantes do crescimento, como o investimento, não têm sido animadoras (no 3º trimestre o investimento total caiu 2% em relação ao trimestre anterior). Acresce que, segundo as autoridades brasileiras, a política de taxas de câmbio criou uma certa incerteza em relação ao actual regime cambial. Apesar da insistência em que o Brasil continue a adoptar a livre flutuação da taxa de câmbio, começam a surgir comentários sobre a possibilidade de se adoptar um “nível apropriado” para a taxa nominal e também de se ter como objectivo manter “um nível satisfatório de competitividade”. Contudo, enquanto o investimento foi, de certo modo, nada animador, o consumo cresceu 0,9% no 3º trimestre, em relação ao trimestre anterior (anualizando, isto corresponde a 3,5%). Ou seja, o consumo tem sido resiliente (expressão actualmente utilizada nestes casos). Se as perspectivas do mercado laboral continuarem favoráveis, o crescimento real prosseguirá e se também se mantiver a redução dos “spreads” bancários e condições de refinanciamento mais facilitadas, tudo isto poderá contribuir para um ligeiro impulso do consumo privado nos próximos meses. No entanto, o consumo das famílias, por si só, provavelmente não conseguirá fazer avançar a economia no próximo ano. Dito isto, as perspectivas económicas estão de certo modo dependentes do grau de comportamento do investimento no próximo ano. Não será a primeira vez que uma economia em crescimento precisa de um bom comportamento da variável investimento. Mas para se investir será necessário assumir alguns riscos, riscos naturalmente devidamente calculados. Esperemos que as instituições e empresas tenham a clarividência de enfrentarem o Mundo actual, o Brasil actual e o contexto actual e perceberem onde devem investir.

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