sábado, 22 de fevereiro de 2014

PMEs Exportadoras - Conhecer melhor a China antes de começar a exportar

Exportar para a China já não faz parte do antes, mas do agora e do futuro. Para isso o empresário de PME tem que conhecer o mercado. Claro que conhecer o mercado não é propriamente visitá-lo, isso seria turismo, ou mesmo ir apenas numa ou duas missões comerciais para contactos programados em que as empresas do lado de lá só dizem o que querem. Claro que as missões comerciais, com o governo a abrir portas essenciais, são um trabalho necessário, mas não chega. As dicas sintéticas são também essenciais nas leituras e não somente para ler à pressa no avião. Mas não estamos a falar só de características gerais, pois sabemos qual o idioma que se usa, o Mandarim, embora a língua mais ouvida, por exemplo, em Xangai seja o Wu (Xangainense) e em Hong Kong seja o Yue (Cantonês). Mesmo a língua escrita oficial é complementada pela escrita local nalgumas províncias. A população tem também uma aparência física diferente (estatura, etc) de Leste para Oeste ou de Sul para Norte, porque a dimensão do território é enorme. Outro aspecto geral é que o maior poder de compra está nas províncias do litoral e menos nas do interior.

Em termos económicos, todos sabemos que a China vem há muitos anos acumulando crescimentos do PIB enormes, mais recentemente com desacelerações, devido ao impacto da crise. Prevê a EIU (Economist Intelligence Unit) que de 7,7% em 2013 e 7,2% em 2014, o incremento do PIB deverá reduzir-se para 6,4% em 2017 e 6% em 2018. Mas conhecer o mercado não é apenas saber que está a crescer, que todos pensam vender para lá e tentam descobrir o que se pode vender, porque num mercado daquela dimensão, que actualmente produz quase tudo, sobretudo imitando o que se faz no Ocidente para vender para cá mais barato, com qualidade inferior mas suficiente para uma população de classes médias que presentemente, em países em crise, procura o mais barato, conhecer o mercado (escrevia eu) é de algum modo estudá-lo.

Vender para a China envolve conhecer, logo à partida, se o produto está adequado ao mercado ou necessita adaptação, o que frequentemente acontece, sobretudo quando se trata de um produto de consumo corrente e que tem de se adaptar às necessidades e gostos locais. Logo a seguir haverá que estudar e decidir qual a forma de entrada no mercado e, frequentemente, tratar de defender a propriedade da marca, o que passa por admitir a possibilidade de fazer uma "joint-venture", ou optar por um "franchising". O aspecto mais importante é o legal, sendo necessário obter apoio de um advogado.

Mas a China tem imensas oportunidades por três razões principais: (1) As classes médias estão em expansão; (2) O estatuto social na China tem importância nas decisões de compra de certos grupos de consumidores; (3) O consumidor chinês está há muitos anos aberto aos produtos ocidentais por os considerar de boa qualidade; (4) Começam a existir empresas chinesas que optam, em certos casos, por equipamentos ocidentais pela qualidade de fabrico.

Abordemos agora o aspecto importante da moeda e do ambiente mais favorável ou menos favorável às importações chinesas. Em relação à moeda - Renminbi - um aumento forte nas reservas em moeda estrangeira na segunda metade de 2013, sugere que a moeda ficará sob pressão para uma apreciação em valor. A EIU prevê que a moeda se valorizará contra o dólar durante 2014-17, em 1,2%, e a apreciação contra o euro será mais suave e o mesmo contra o yen. O banco central chinês continuará a intervir para abrandar a volatilidade. No entanto, essa volatilidade deverá mesmo assim existir nos próximos anos, por vezes com depreciações. Dado o facto de se prever que a balança corrente da China será deficitária em 2017, a EIU prevê que o Renminbi enfraquecerá ligeiramente contra o dólar em 2018. Como atrás se referiu, a EIU prevê que a balança corrente chinesa passará de um excedente em 2013 (1,9% do PIB) para um défice em 2018 (-0,9% do PIB). As exportações chinesas em valor deverão crescer cerca de 8,9% em 2014-18, uma expansão inferior à da década anterior (devido à erosão da competitividade dos preços chineses). Refira-se que uma grande proporção das importações chinesas (e isto importa saber) é constituída por componentes que são montados localmente, antes de embarcarem para o exterior. É claro que, deste modo, as importações e as exportações tendem a crescer a taxas semelhantes. Todavia, grande parte das importações destinam-se ao consumo interno. Em consequência (parcial) o crescimento das importações de mercadorias deverá ultrapassar a expansão das exportações durante 2014-18: as importações de bens deverão crescer a 11,2% ao ano, o que é um aspecto importante a fixar.

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