terça-feira, 30 de setembro de 2014

PME e o Mercado dos EUA

Comportamento da Economia Norte-americana

A economia dos EUA no final de 2013 estava a ser influenciada pela primeira metade do ano. A situação económica comportou-se relativamente bem face à restrição fiscal do início do ano, uma vez que o sector privado revelou-se dinâmico. Por seu lado, os consumidores optaram por diminuir as poupanças, a fim de conseguirem manter o seu poder de compra. Assim, as previsões dos principais analistas vão no sentido de o consumo privado crescer 1,9% em 2013 e um pouco mais em 2014. O crescimento do PIB deverá ser de 1,6%, muito abaixo dos 2,8% de 2012, mas houve um progresso ao longo de 2013, que irá continuar em 2014, ano em que a previsão para o incremento do PIB é de 2,6%. No entanto, uma provável restrição monetária em 2014 fará reduzir o crescimento nos dois anos seguintes.

Ambiente Político

Importante é salientar que o comportamento económico irá ser condicionado pela cena política, que continua marcada pela grande diferença ideológica entre Democratas e Republicanos, a qual se manifesta na divisão do Congresso. Isto torna difíceis os compromissos políticos e muito complicada a passagem de legislação no Congresso em aspectos de grande importância  para o país. Um obstáculo é que a maioria republicana continua a ser fortemente influenciada pelos republicanos ultra-conservadores ligados ao movimento anti-governamental “Tea Party”. De facto, os republicanos estão divididos entre os membros do “Tea Party” e a ala mais moderada do Partido, liderada por John Boehner, o “Speaker” na Câmara dos Representantes. Recentemente, no contexto das negociações para o Orçamento de 2014 (este teve início a 1 de Outubro), a Administração Obama acabou por iniciar o processo de suspensão dos serviços públicos federais não essenciais, o que aconteceu pela primeira vez em 17 anos. A decisão da Casa Branca foi tomada pouco antes da meia noite de 30 de Setembro, que era o limite para que o Congresso acordasse numa resolução para a continuação do financiamento da Administração Federal, que entrou em novo ano fiscal a 1 de Outubro. Os republicanos na Câmara dos Representantes, onde detêm a maioria, continuaram a bloquear as negociações, exigindo o adiamento por um ano da lei de cuidados de saúde, conhecida como Obamacare.

Novo Paradigma no Marketing - Números sobre o Online
Para além deste ambiente, o final de 2013 enfrenta desafios, que já não são nada novos mas que muitas PME portuguesas ainda não estão preparadas para reagir com prontidão. Trata-se obviamente da mudança de paradigma no que refere ao marketing de exportação.
Vou apresentar alguns números para elucidar a mudança que começou e irá certamente continuar. O número de compradores digitais nos EUA, em milhões, tem progredido do seguinte modo: 2010 - 172,30 milhões; 2011 - 178,30; 2012 - 183,80; 2013 - 189,40; 2014 - 194,80; 2015 - 200,10; 2016 - 205,20; 2017 - 210,20 (Fonte: eMarketer - em 2013 são estimativas e a partir de 2014 previsões). A nível mundial, estes milhões de compradores digitais norte-americanos representam uma fatia substancial. No entanto, apesar de elevado, em relação ao mundo o mercado digital dos EUA não tem aumentado de peso, dado que outras regiões do mundo estão também a progredir a nível digital e tudo indica que este movimento alastre. Vejamos este exemplo: Percentagem do B2C e-commerce dos EUA em relação ao global: 2010 - 35,8%; 2011- 33,5%; 2012 - 31,5%; 2013 - 29,7%; 2014 - 27,8%; 2015 - 26,9%; 2016 - 26,3% (Fonte: ComScore). A percentagem é elevada, mas está a diminuir. Vejamos agora outro exemplo: Percentagem do B2C e-commerce da Ásia-Pacífico relativamente ao global: 2011 - 27,9%; 2012 - 30,5%; 2013 - 33,4%; 2014 - 36,5%; 2015 - 38,2%; 2016 - 39,7%. Pelo contrário, na  Ásia-Pacífico o peso aumenta ano a ano (a Fonte é a mesma). Quer isto dizer que as PME portuguesas, como as dos outros países Ocidentais, devem preparar-se para acompanhar este movimento, uma vez que, a médio-longo prazo ficarão fora do marketing de exportação actual.
Inbound Marketing, SMarketing, CRM, Websites na Exportação

Quando se fala de e-commerce, tem que se falar de Marketing Digital, Inbound Marketing, SMarketing (marketing em fusão com vendas), CRM, Exportar com o Website, Páginas de Aterragem, Estratégia de Conteúdos, etc.
   

 

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Economia de Angola em meados de 2014


O crescimento económico em Angola, previsto em 8,8% em 2014, deverá ser revisto para 4,6%, devido ao andamento da produção de petróleo na primeira parte do ano. Só em 2015 o crescimento será de 5,5%, mesmo assim muito inferior à previsão ambiciosa inicial de 8,8%. Este crescimento, de capital intensivo e dependente das importações, tem fortes ligações a áreas dominadas pelo sector estatal, nomeadamente a construção e o sector financeiro. O sector não petrolífero, como transportes, indústria ligeira, comércio e serviços, terá rápida expansão, mas a falta de reformas e a sobre-valorizada taxa de câmbio, dará um mau clima de negócios, restringindo o investimento fora dos sectores petrolífero e da construção.

Apesar dos esforços do governo angolano para estimular as pequenas e médias empresas, bem como os serviços, exemplo do turismo (que pode levar à criação do emprego), e ainda esforços para desenvolver um sector privado dinâmico, esses esforços enfrentam obstáculos como seja um fraco capital humano, deficiente regulação, insuficiente fornecimento de energia, elevados níveis de corrupção e ainda a redução (crowding-out) do investimento privado através das medidas do sector público.

O Banco Nacional de Angola (banco central) fez cortes nas taxas de juro por três vezes em 2013, em cem pontos-base, o que reflecte a tendência inflaccionária positiva e uma redução das preocupações em relação ao impacto da legislação sobre o petróleo na liquidez do sistema monetário. A manutenção da inflação a um só dígito continua a ser um objectivo essencial do banco central.


O desempenho do sector petrolífero deverá continuar a ter um impacto substancial no equilíbrio orçamental nos próximos quatro anos. Os analistas estão optimistas em relação aos preços de petróleo em 2014, esperando um declínio de apenas 0,5%, contra a anterior previsão de -1,3%, mas esperam que haja uma queda anual de 3,7% nos próximos quatro anos. Todavia, isto será em parte ultrapassado pelo aumento da produção de petróleo e gás, mas o governo continuará a gastar bastante em programas sociais e nas infra-estruturas, pelo que o orçamento deverá ter um défice médio de 1,4% do PIB nos próximos quatro anos, com apenas um ligeiro excedente em 2015, devido sobretudo ao aumento da produção nesse ano. Angola deverá também continuar a contar com financiamentos e linhas de crédito dos seus habituais e recentes parceiros, nomeadamente China e Brasil.

No sector externo, a posição da balança corrente deteriorar-se-á nos próximos quatro anos, devido ao rápido crescimento das importações (com origem nos investimentos públicos em bens de capital). A actividade relativamente robusta das exportações deverá assegurar a continuação de um grande défice nos serviços e nos rendimentos, atingindo médias da ordem dos dois dígitos nos próximos quatro anos (13,4% em 2014 e 8,7% em 2018). Mas a balança de transferências ficará relativamente estável nos próximos quatro anos. Em geral, os analistas prevêm um excedente da balança corrente de 5,2% do PIB em 2013 a contrair-se para 0,6% em 2016. A seguir, estimam que a balança corrente tornar-se-á deficitária em 2017, chegando mesmo aos -2,8% do PIB em 2018.


Importa ainda referir que este contexto económico é acompanhado, pelo menos até 2016 segundo se pensa, por uma estabilidade política vigorosa, embora o Presidente José Eduardo dos Santos (no poder desde 1979) tenha possibilidade, pela Constituição de 2010, de permanecer até 2022. No entanto, especula-se em Angola (segundo The Economist Intelligence Unit) que o Presidente queira decidir sair antes dessa data, pelo que também se especula sobre o iniciar ou não de uma discussão quanto à sua sucessão. Naturalmente, também existem preocupações no sentido em que uma saída repentina do Presidente possa conduzir à instabilidade, por um possível vácuo poder. 


Aproveitar a estabilidade política existente em Angola é naturalmente importante para as empresas que pretendem introduzir-se no mercado, seja através do investimento no país, seja pela via das exportações. Assim, como se depreende do parágrafo anterior, este é o momento para quem ainda não teve oportunidade de se expandir neste país africano de língua portuguesa.