segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Moçambique - Economia em expansão cria oportunidades

Moçambique está na ordem do dia no continente africano, sobretudo para Portugal, claro. A língua portuguesa une o nosso país a várias economias africanas e isto não pode ser esquecido, no momento em que vários países europeus continuam a procurar oportunidades de negócio na África Lusófona e até certos países asiáticos estão em vias de o fazer ou já estão mesmo lá, como a Coreia do Sul (empresa Kogas) através do investimento no projecto de distribuição de gás natural (para os consumidores domésticos e ao nível comercial em Maputo). Acima de tudo, note-se que o investimento estrangeiro é normalmente a base do desenvolvimento das economias africanas, por isso salienta-se também o investimento da África do Sul (empresa Sasol) nas novas instalações de energia em Ressano Garcia, em “join-venture” com a Electricidade de Moçambique. Acresce que a produção será não só para consumo interno, mas também para exportação com destino à África do Sul.  É claro que o importante projecto de distribuição de gás natural no município de Maputo foi inaugurado recentemente (11 de Setembro de 2014) pelo presidente da república Armando Guebuza.


Este texto sobre Moçambique começou com um facto de relevo, porque se pretende salientar que as previsões para esta economia vão no sentido de grande expansão (acima de 7% de crescimento anual), sendo o consumo interno também elevado, mas o consumo público ainda mais, a seguir a 2016, porque em 2015 se prevê uma quebra do consumo público. O investimento fixo (FBCF) deverá ser sempre elevado nos próximos quatro anos, bem como as exportações e importações de bens e serviços. Entre as actividades que irão crescer mais encontra-se a indústria, acima dos 10% ao ano (sobretudo a mineira), os serviços (entre 6% e 7% ao ano), e a agricultura crescerá  entre 4% e 5%.  As exportações irão crescer muito e os produtos a vender no exterior serão sobretudo as matérias-primas mineiras e também as “commodities” agrícolas, não esquecendo mencionar o alumínio. Mas o carvão também se salienta porque, em 2016, é possível que ultrapasse o alumínio, que tem sido a maior exportação moçambicana. O gás também será uma forte exportação, mas só daqui a quatro ou cinco anos. Isto deverá acontecer, no entanto o défice de rendimentos, ainda pouco elevado em 2014, acabará muito elevado daqui a quatro anos, porque os investidores estrangeiros no sector mineiro começarão a repatriar os rendimentos nessa altura. Ora este aspecto da economia moçambicana deveria ser visto atempadamente pelas respectivas autoridades, no sentido de evitar que a estrutura da economia não saia prejudicada pelo investimento estrangeiro e que, antes pelo contrário, seja uma troca justa para o investidor externo e para Moçambique, que tanto precisa de se desenvolver e precaver contra as habituais inundações. Refira-se que as importações do país estão a ser substanciais, sobretudo de equipamentos, necessários ao desenvolvimento e às empresas de gás e do sector mineiro.


O banco central do país está a envidar esforços, através da política monetária, para manter a inflação controlada, pois esta pode ser uma ameaça à estabilidade social. Também pretende expandir o crédito à economia, o que fará desde que a inflação esteja sob controlo. Para finalizar, refira-se que a estabilidade política é um aspecto essencial ao desenvolvimento do país. Os analistas preveem que o partido do governo (Frelimo) permaneça a força política dominante nos próximos quatro ou cinco anos, e a assinatura do acordo de paz, depois de 18 meses de tensões violentas, entre o governo e a oposição histórica, a Renamo, melhorou bastante as perspectivas a curto prazo. O acordo, assinado no princípio de Setembro, entre o Presidente Armando Guebuza e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, acordo ractificado pelo parlamento, possibilitou uma campanha para as eleições de 15 de Outubro, no mínimo calma. As eleições acabam de ser ganhas por Filipe Nyussi, da Frelimo, anteriormente ministro da defesa no governo de Guebuza, que, assim, sucede a este. No entanto, há que deixar assentar a poeira para ver como irá reagir quem perdeu estas eleições.

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