sábado, 13 de fevereiro de 2016

PME - O Crescimento das Exportações exige Novos Mercados

Há já algum tempo que venho a salientar que o crescimento das exportações passa por seleccionar novos mercados ou, pelo menos, trabalhar mais os mercados externos pouco tradicionais (não europeus). Mas acontece que há já muitos anos as empresas portuguesas (de grande dimensão e PME) para sair da Europa voltaram-se sobretudo para os PALOP, sobretudo Angola e, mais tarde, também Moçambique. No entanto, verificou-se que as empresas funcionam um pouco como "se aquela vai eu também vou", o que considero ter toda a lógica (as empresas querem segurança nos negócios e não aventuras), mas não é uma atitude criativa, que exige maiores riscos. Com o tipo de actuação conservador, temos estado anos a fio a exportar para a Europa Ocidental, acrescentando, em menor dimensão, os EUA. Depois dos PALOP seguimos para o Leste Europeu (após a abertura desses mercados) e a seguir veio o foco no Brasil (mais na internacionalização, em termos gerais, do que meramente nas exportações). Mas existem muitos países que são mercados potenciais para Portugal e onde poucos pensam seriamente, a não ser quando surgem os falados casos de sucesso na comunicação social ou quando se organizam missões comerciais, sobretudo através de visitas dos governos, mas também por via das associações empresariais.

O livro que já mencionei em artigos anteriores intitulado "Como Seleccionar Mercados Externos - Óptica da Diversificação de Mercados" (2010), apresenta no final um "ranking" dos países mais interessantes para um produto que então foi estudado (na área dos têxteis), em relação a várias regiões do mundo. Assim, vou indicar os três ou quatro primeiros mercados (desse "ranking") para cada uma das sete regiões ou blocos de mercados analisados.

1) Europa Central e Oriental: Polónia, República Checa, Eslovénia. 2) Países BRIC: China, Rússia, Brasil. 3) Os chamados "tigres asiáticos": Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong, Singapura. 4) Turquia e Zona do Golfo: Turquia, Arábia Saudita, Egipto, Qatar. 5) Magreb (África do Norte): Argélia, Marrocos, Líbia, Tunísia. 6) Países do Mercosul: Brasil, Argentina, Chile, Venezuela. 7) Países do Nafta: EUA, Canadá, México.

Ora todos estes mercados são praticamente novos (ou com exportações fracas), com algumas conhecidas excepções, e acontece que o estudo foi efectuado com dados de 2009 e 2010, pelo que neste momento, em que já se passaram cerca de cinco anos, a situação já é diferente, como é natural. No entanto, vejamos o que aconteceu: nos últimos três anos, entre os países da Europa Central e Oriental, tem sido a Polónia o mercado com melhor comportamento, seguido da República Checa; entre os BRIC, no livro referido foi apontada a maior importância do Brasil, dado o efeito da língua, mas salientou-se nessa altura que, se não fosse a afinidade linguística, no "ranking" eram a China e a Rússia os mercados que ficavam às frente; em relação aos "tigres asiáticos" a Coreia do Sul tem sido o mercado mais atraente; relativamente à Zona Golfo e Turquia, este mercado e a Arábia Saudita têm sido os principais; entre os países do Magreb, a Argélia e Marrocos têm-se destacado; em relação ao Mercosul, o Brasil e Argentina têm-se mostrado razoavelmente potenciais; quanto ao Nafta, claramente os EUA é um mercado superior, o que tem sido aproveitado pelas empresas portuguesas, bem como o Canadá e o México, este um novíssimo mercado potencial.

Mas em 2015 e no início de 2016, muito se tem passado na União Europeia (o problema dos refugiados e o terrorismo, para citar apenas os maiores), o que deixa antever a enorme necessidade de diversificar os mercados externos. Acresce que estão a surgir dificuldades em mercados que já eram tradicionais nas nossas exportações, um deles Angola, e alguns dos mercados emergentes BRIC estão também com problemas. Mas um dos asiáticos, a China, já surge há alguns anos com estatuto de provável importância estratégica no mundo, a que Portugal não pode ficar alheio, tanto mais que existem fortes ligações através de Macau, que têm sido aproveitadas por via de algumas iniciativas, entre as quais destaco as do ISEG, que irá em breve organizar uma conferência sobre o tema "China Parceira Estratégica de Portugal". 

Finalmente, aconselho a leitura do livro de José Manuel Félix Ribeiro "EUA versus China - Confronto ou Coexistência".

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